A sentença n.º 51407 de 30 de novembro de 2023, proferida pela Corte de Cassação, representa uma passagem significativa no debate jurídico italiano relativo ao regime de detenção diferenciada previsto no art. 41-bis da lei de execução penal. Neste artigo, analisaremos o conteúdo da sentença, com particular atenção à questão de legitimidade constitucional levantada e às suas implicações práticas.
A Corte rejeitou a questão de legitimidade constitucional relativa ao art. 41-bis, parágrafo 2, da lei de execução penal, sustentando que esta era manifestamente infundada. A questão havia sido levantada por suposto contraste com os artigos 3, 27 e 117 da Constituição italiana e com o art. 3 da Convenção Europeia dos Direitos do Homem (CEDH).
É importante notar que, na sequência das modificações introduzidas no art. 4-bis da lei de execução penal pelo decreto-lei de 31 de outubro de 2022, a presunção de periculosidade para os condenados à prisão perpétua por crimes impeditivos não colaboradores foi transformada em relativa. Esta mudança implica que o juiz agora deve realizar uma avaliação de mérito das solicitações de concessão de benefícios penitenciários, em vez de aplicar automaticamente a presunção de periculosidade.
As implicações da sentença são múltiplas e dizem respeito tanto ao plano jurídico quanto ao prático. Entre os pontos de destaque, podemos evidenciar:
01 Presidente: DI NICOLA VITO. Relator: MASI PAOLA. Relator: MASI PAOLA. Réu: LA BARBERA MICHELANGELO. P.M. SERRAO D'AQUINO PASQUALE. (Parc. Diff.) Rejeita, TRIBUNAL DE VIGILÂNCIA DE ROMA, 16/03/2022 563000 INSTITUTOS DE PREVENÇÃO E PENA (ORDENAMENTO PENITENCIÁRIO) - Regime de detenção diferenciada de que trata o art. 41-bis ord. pen. - Questão de legitimidade constitucional por contraste com os arts. 3, 27 e 117 Cost. e 3 CEDH Manifesta infundateza - Razões. É manifestamente infundada a questão de legitimidade constitucional do art. 41-bis, parágrafo 2, ord. pen. por contraste com os arts. 3, 27 e 117 Cost. em relação ao art. 3 CEDH, visto que, na sequência das modificações introduzidas no art. 4-bis ord. pen. pelo d.l. 31 de outubro de 2022, n.º 162, convertido, com modificações, pela lei 30 de dezembro de 2022, n.º 199, a presunção de periculosidade do condenado à prisão perpétua por crimes impeditivos não colaborador tornou-se relativa, sendo o juiz obrigado à avaliação, no mérito, das instâncias de concessão de benefícios penitenciários.
Em conclusão, a sentença n.º 51407 de 30 de novembro de 2023 marca um passo importante na tutela dos direitos dos detidos e na regulamentação do regime de detenção diferenciada. A avaliação meritocrática das instâncias de concessão de benefícios penitenciários representa um progresso para um sistema penal mais justo e humano, em linha com os princípios da Constituição e da CEDH. No entanto, permanece fundamental um monitoramento constante destas novas aplicações para garantir que os direitos dos detidos sejam sempre respeitados.