A sentença n.º 17585 de 23 de março de 2023, depositada em 27 de abril de 2023, oferece uma oportunidade interessante de reflexão sobre o princípio do divieto di 'reformatio in peius' no direito penal italiano. Este princípio, que impede o juiz de recurso de agravar a posição do arguido em relação à pena já imposta em primeira instância, está no centro da decisão do Tribunal de Cassação e merece ser analisado em detalhe para compreender as suas consequências práticas.
O Tribunal, presidido pela Doutora R. E., estabeleceu que o divieto di 'reformatio in peius' não se limita apenas à entidade global da pena, mas estende-se a todos os elementos autónomos que contribuem para a determinação da própria pena. Noutras palavras, caso um arguido apresente um recurso relativo a uma agravante, o juiz de recurso não pode aplicar um aumento de pena superior ao já determinado pelo juiz de primeira instância.
DIVIETO DI "REFORMATIO IN PEIUS" - Riferibilità alla sola entità complessiva della pena - Esclusione - Riferibilità a tutti gli elementi autonomi che concorrono a determinare la pena - Sussistenza - Conseguenze. O divieto di "reformatio in peius" da sentença recorrida apenas pelo arguido não se refere unicamente à entidade global da pena, mas a todos os elementos autónomos que concorrem para a determinar, pelo que o juiz de recurso, em caso de procedência do recurso interposto apenas pelo arguido em relação à subsistência de uma agravante, não pode aplicar, para a circunstância residual, um aumento de pena superior ao operado pela sentença de primeira instância.
As implicações desta sentença são significativas para a defesa dos arguidos. De facto, o princípio do divieto di 'reformatio in peius' garante uma certa proteção contra decisões jurídicas que poderiam resultar em punições excessivas em sede de recurso. As consequências desta sentença podem ser resumidas nos seguintes pontos:
Em conclusão, a sentença n.º 17585 de 2023 representa um importante passo em frente na fundamentação jurídica relativa ao divieto di 'reformatio in peius'. Sublinha a importância de um equilíbrio entre as exigências de justiça e o direito de defesa, garantindo que o arguido não sofra agravamentos injustificados. Num contexto jurídico em contínua evolução, tais princípios permanecem fundamentais para o respeito dos direitos individuais e para a salvaguarda da justiça penal.