A sentença n. 45586 de 14 de novembro de 2024, proferida pela Corte de Cassação, aborda um tema de relevante importância no direito penal: a responsabilidade do depositário judicial em caso de violação de selos. Este pronunciamento oferece um importante esclarecimento sobre a diferença entre a violação de selos e a omissão de denúncia, destacando as responsabilidades específicas do depositário no contexto de um bem sob sequestro.
O caso dizia respeito ao réu C. L., depositário judicial de um bem sob sequestro, acusado de não ter avisado tempestivamente a Autoridade Judiciária sobre a violação dos selos por parte de terceiros. A Corte estabeleceu que tal conduta configura o crime de violação de selos agravado, previsto no art. 349, parágrafo segundo, do código penal, excluindo a hipótese de omissão de denúncia prevista no art. 361.
Depositário judicial - Omissão de aviso tempestivo da violação de selos perpetrada por terceiros - Configuração do crime na forma agravada prevista no art. 349, parágrafo segundo, do código penal - Crime de omissão de denúncia - Configuração - Exclusão - Razões. Configura o crime de violação de selos agravado pela qualificação subjetiva do agente, prevista no art. 349, parágrafo segundo, do código penal, e não o de omissão de denúncia previsto no art. 361 do código penal, a conduta do depositário judicial de um bem sob sequestro ao qual estejam apostos os selos que, inobservante do seu dever jurídico de impedir o evento, omite de avisar tempestivamente a Autoridade Judiciária da sua violação por obra de terceiros, existindo entre as indicadas disposições incriminadoras um concurso aparente de normas, a ser resolvido através do princípio de especialidade por adição, visto que, em ambas, a conduta é realizada por um funcionário público e pode consistir na omissão de denúncia, mas apenas na hipótese circunstanciada de violação de selos ela pode ser praticada exclusivamente pelo depositário do bem.
A decisão da Corte de Cassação sublinha a importância do papel do depositário judicial e do seu dever de vigilância. De fato, a violação de selos não é apenas uma questão de inobservância formal, mas tem graves consequências jurídicas e práticas. O depositário, na qualidade de funcionário público, tem a obrigação de proteger o bem e de informar tempestivamente a Autoridade Judiciária em caso de violação. Esta sentença esclarece que a violação de selos é considerada um crime mais grave do que a omissão de denúncia, justamente pela especificidade da conduta exigida do depositário.
A sentença n. 45586 de 2024 representa um importante passo à frente na definição das responsabilidades do depositário judicial. Ela reconhece a gravidade da violação de selos e esclarece que, em caso de omissão de denúncia, aplica-se um regime de responsabilidade diferente. Esta decisão não só reforça o papel do depositário, mas também fornece diretrizes claras para futuros casos semelhantes, promovendo maior atenção e responsabilidade no respeito às normas penais vigentes.