A sentença n. 26015 de 2 de fevereiro de 2023 da Corte di Cassazione oferece uma importante reflexão sobre os crimes contra a pessoa, em particular sobre o delicado tema do homicídio do consentinte e da instigação ou auxílio ao suicídio. Estes dois delitos, embora tenham em comum a trágica conclusão da vida de um indivíduo, apresentam diferenças substanciais que merecem ser analisadas.
A sentença, emitida pela Corte di Assise di Appello de Cagliari, sublinha como o delito de homicídio do consentinte se distingue nettamente do de instigação ou facilitação ao suicídio. Em particular, evidencia-se que no homicídio do consentinte, aquele que provoca a morte substitui materialmente o aspirante suicida, influenciando de modo significativo a formação do consentimento. Vice-versa, no caso de instigação ou auxílio ao suicídio, a vontade da vítima é expressa livremente, e a ação do outro sujeito serve exclusivamente de suporte ao suicídio.
Delito de instigação ou auxílio ao suicídio - Diferença - Condições. Em tema de crimes contra a pessoa, o delito de homicídio do consentinte difere do de instigação ou facilitação ao suicídio pois, num deles, aquele que provoca a morte substitui materialmente o aspirante suicida, incidindo também na determinação do respetivo consentimento, enquanto, no outro, a vontade e a intenção da vítima formam-se livremente e a conduta externa de auxílio facilita apenas a realização do suicídio.
As diferenças entre estes dois crimes têm relevantes consequências jurídicas e morais. O homicídio do consentinte, tratando-se de uma ação direta que altera o livre arbítrio do indivíduo, é punido mais severamente do que a instigação ao suicídio. De facto, o Código Penal italiano prevê penas distintas para os dois crimes, como estabelecido pelos artigos 579 e 580. De seguida, alguns pontos chave:
A sentença n. 26015 de 2023 representa um importante elemento no complexo mosaico da jurisprudência italiana relativa aos crimes contra a vida e a incolumidade individual. Compreender as diferenças entre homicídio do consentinte e instigação ou auxílio ao suicídio é fundamental não só para os operadores do direito, mas também para a sociedade no seu conjunto, pois levanta questões éticas e morais que vão muito além do mero aspeto jurídico. A reflexão sobre tais temáticas é crucial para garantir uma justiça que tenha em conta a complexidade das relações humanas e das escolhas individuais.