A recente sentença da Corte de Cassação n. 19502 de 2023 levantou importantes questões relativas à atribuição da separação e à pensão alimentícia. Neste artigo, analisaremos o contexto jurídico e os principais aspetos da decisão, destacando a importância da prova e dos comportamentos conjugais na determinação da responsabilidade na crise matrimonial.
O caso dizia respeito à separação entre R. C. e R. V., com o marido a solicitar a atribuição da separação à esposa. A Corte de Apelação de Nápoles, em primeira instância, havia rejeitado tal pedido, considerando insuficientes as provas fornecidas. No entanto, a Corte de Cassação, acolhendo o recurso, reverteu a decisão, afirmando que as condutas da esposa eram incompatíveis com os deveres conjugais.
A declaração de atribuição da separação implica a prova de que a crise conjugal irreversível é imputável em exclusivo ao comportamento voluntário e consciente contrário aos deveres decorrentes do casamento.
Na sentença, realça-se como a participação da esposa numa congregação religiosa não pode, por si só, justificar a atribuição, a menos que se manifeste em comportamentos específicos que violem os deveres conjugais. A Corte sublinhou que a prova de uma conduta contrária às obrigações de assistência moral e material é fundamental para a atribuição da separação.
Em virtude da atribuição, a Corte excluiu a obrigação de pensão alimentícia para a esposa. O princípio que rege o direito à pensão alimentícia na separação pessoal é que o direito ao sustento está ligado ao respeito dos deveres conjugais. A Corte estabeleceu, portanto, que, com o desaparecimento de tais deveres, não subsistem as condições para a pensão alimentícia.
A sentença n. 19502 de 2023 oferece uma importante reflexão sobre as dinâmicas familiares e os deveres recíprocos no casamento. A prova e a demonstração de comportamentos contrários aos deveres conjugais são elementos chave na determinação da atribuição da separação e das consequências económicas a ela associadas. A decisão da Cassação, portanto, não só clarifica os critérios de atribuição da separação, mas também sublinha a necessidade de uma análise pormenorizada das condutas conjugais.