O recente acórdão n. 30929 de 10 de abril de 2024 do Supremo Tribunal de Cassação oferece importantes esclarecimentos em matéria de crimes ambientais, em particular os relativos ao abandono e ao depósito incontrolado de resíduos. O arguido, D. F., foi acusado de tais crimes nos termos do art. 256, n.º 2, do d.lgs. n. 152 de 2006, que regula a gestão de resíduos e a proteção do ambiente. Este acórdão insere-se no mais amplo contexto jurídico relativo à tutela ambiental e à importância de uma interpretação correta das normas em vigor.
O Tribunal, ao rejeitar o recurso, reiterou que a qualificação da conduta como abandono ou depósito incontrolado de resíduos é fruto de um apuramento de facto a cargo do juiz de mérito. Isto significa que compete ao juiz de primeira instância avaliar as circunstâncias específicas do caso e decidir se a conduta do arguido pode ser qualificada como abandono de resíduos. Esta distinção é crucial, pois as consequências jurídicas variam consoante a qualificação.
Crimes previstos no art. 256, n.º 2, d.lgs. n. 152 de 2006 - Qualificação da conduta como abandono ou depósito incontrolado de resíduos - Apuramento factual - Subsistência - Sindicalidade em sede de legalidade - Limites. Em matéria de resíduos, a qualificação da conduta em termos de abandono ou de depósito incontrolado ex art. 256 d.lgs. 3 de abril de 2006, n. 152, constitui fruto de um apuramento de facto a cargo do juiz de mérito que, se devidamente fundamentado, não é sindicável em sede de legalidade.
Esta máxima evidencia dois aspetos fundamentais: a necessidade de um apuramento factual e o limite da sindicalidade em sede de legalidade. Noutras palavras, se o juiz de mérito fornecer uma fundamentação congruente e detalhada, a sua decisão não pode ser contestada em recurso, a menos que surjam evidentes erros de direito.
O acórdão n. 30929 de 2024 tem várias implicações práticas que merecem ser sublinhadas:
Estas considerações são fundamentais para os profissionais do direito e para as empresas que operam no setor da gestão de resíduos, pois evidenciam a importância de uma abordagem atenta e em conformidade com as normas em vigor.
Em conclusão, o acórdão n. 30929 de 2024 representa um importante ponto de referência para a jurisprudência em matéria de crimes ambientais. A distinção entre abandono e depósito incontrolado e o reconhecimento do poder discricionário do juiz de mérito são elementos chave que influenciarão as futuras decisões neste âmbito. É fundamental, portanto, que as empresas e os profissionais do setor estejam cientes destes aspetos para evitar responsabilidades legais e garantir uma correta gestão dos resíduos.