O recente pronunciamento do Tribunal da Relação, com a sentença n.º 21375 de 2 de março de 2023, lançou luz sobre um tema crucial no direito penal, nomeadamente a importância da notificação dos atos no procedimento de vigilância. O Tribunal estabeleceu que a omissão da notificação do aviso de marcação da audiência ao interessado acarreta a nulidade absoluta do provimento conclusivo do procedimento. Neste artigo, analisaremos os detalhes da sentença e as suas implicações para o sistema jurídico.
O Tribunal da Relação, presidido por F. C. e com relator A. C., examinou o caso de B. C., anulando com reenvio a decisão do Tribunal de Vigilância de Roma. A questão central prendia-se com a falta de notificação da audiência à interessada, um ato que, segundo a conjugação dos artigos 178, n.º 1, alínea c), e 179, n.º 1 do Código de Processo Penal, é fundamental para garantir o direito de defesa. A ementa da sentença reza:
Audiência perante o tribunal de vigilância - Ausência de aviso ao interessado - Consequências - Nulidade absoluta. A omissão de notificação ao interessado do aviso de marcação da audiência perante o tribunal de vigilância dá origem a nulidade absoluta do provimento conclusivo do procedimento, nos termos da conjugação dos arts. 178, n.º 1, alínea c), e 179, n.º 1, do Código de Processo Penal.
Esta sentença tem repercussões significativas no sistema da justiça penal e na tutela dos direitos dos arguidos. Eis alguns pontos chave:
Em conclusão, a sentença n.º 21375 de 2023 do Tribunal da Relação não só clarifica a relevância da notificação no procedimento de vigilância, mas também reafirma a importância do respeito pelos direitos processuais. A nulidade absoluta sancionada em caso de omissão de notificação representa uma salvaguarda fundamental para o correto desenvolvimento do processo penal, garantindo que nenhum arguido seja privado do seu direito a ser informado e a participar ativamente na sua defesa. Os operadores do direito deverão prestar especial atenção a este aspeto nos futuros procedimentos de vigilância, para evitar incorrer em problemáticas semelhantes e garantir um julgamento justo.