O recente Acórdão n. 15755 de 5 de junho de 2024, emitido pela Corte de Cassação, concentrou-se num tema de grande relevância para o mundo do jornalismo: o direito de crónica e as suas implicações na difusão de notícias através do chamado jornalismo de investigação. Esta decisão oferece importantes reflexões, em particular sobre a excludente de ilicitude do exercício do direito de crónica e as condições que devem existir para que um artigo não seja considerado difamatório.
A Corte afirmou que, no contexto do jornalismo de investigação, os jornalistas podem analisar e interpretar os factos, fornecendo um contributo original e aprofundado. No entanto, é fundamental que, dentro do artigo, seja clara a distinção entre factos objetivos e a sua interpretação. Este aspeto é crucial para evitar que a perceção do leitor seja alterada.
Jornalismo de investigação - Características - Análise e interpretação dos factos - Admissibilidade - Excludente de ilicitude do exercício do direito - Existência - Condições. Em tema de difamação por meio de imprensa, no chamado jornalismo de investigação - em que os factos, expostos respeitando o critério da verdade, podem ser analisados, interpretados e correlacionados entre si, com o contributo de originalidade próprio do aprofundamento jornalístico - o jornalista é eximido de responsabilidade quando permaneça claro, dentro do artigo, quais são os factos objetivos e qual a sua leitura e avaliação, de modo a não ser alterada a perceção do leitor.
O acórdão evoca diversos artigos do Código Civil e do Código Penal, bem como disposições da Constituição, sublinhando a importância de um equilíbrio entre o direito de crónica e a tutela da reputação alheia. Em particular, o artigo 21.º da Constituição garante a liberdade de expressão, mas este direito não é ilimitado. Assim, a jurisprudência tem sempre procurado definir os limites dentro dos quais o jornalismo de investigação pode operar sem incorrer em difamação.
É fundamental, portanto, que os profissionais do setor compreendam as diretrizes traçadas pela Corte, para que possam exercer o seu direito de crónica de forma consciente e responsável. A decisão oferece uma mensagem clara: o respeito pela verdade e pela clareza na comunicação são elementos imprescindíveis para evitar incorrer em sanções legais.
Em conclusão, o Acórdão n. 15755 de 2024 representa um importante passo em frente na definição das regras que regem o jornalismo de investigação em Itália. Esclarece que, apesar da liberdade de expressão, os jornalistas devem operar com rigor e responsabilidade, garantindo que a sua narração respeite a fronteira entre facto e interpretação, para que o leitor possa formar uma opinião informada e não distorcida.