A sentença n.º 33149 de 7 de junho de 2024 representa um importante ponto de referência para a jurisprudência italiana em matéria de penas substitutivas e suspensão condicional. Em particular, o caso analisado pela Corte de Cassação evidenciou as dificuldades ligadas à aplicação do artigo 71 do d.lgs. n.º 150 de 2022, que introduziu um impedimento à concessão de penas substitutivas nos casos em que seja disposta a suspensão condicional da pena. A Corte estabeleceu que tal impedimento não se aplica aos factos cometidos antes da entrada em vigor da nova normativa.
Para compreender plenamente o significado da sentença, é necessário referir o contexto normativo em que se insere. O art. 71 do d.lgs. n.º 150 de 2022 alterou o art. 61-bis da lei de 24 de novembro de 1981, n.º 689, estabelecendo um impedimento à aplicação de penas substitutivas nos casos de suspensão condicional. No entanto, a Corte de Cassação esclareceu que, segundo o art. 2, parágrafo quarto, do código penal, em caso de sucessão de leis penais, deve ser aplicada a norma mais favorável ao arguido.
A motivação da Corte é de particular relevância e sublinha a importância do princípio da legalidade. De facto, a Corte evidenciou que não é possível combinar fragmentos de diferentes disciplinas normativas, pois isso levaria a uma violação deste princípio fundamental. Na sentença, a Corte afirmou:
Penas substitutivas de penas de prisão curtas - Suspensão condicional - Impedimento à concessão do benefício introduzido pelo art. 71 d.lgs. n.º 150 de 2022 - Aplicabilidade aos factos cometidos antes da entrada em vigor do d.lgs. n.º 150 de 2022 - Exclusão - Razões - Consequências. Em matéria de penas substitutivas de penas de prisão curtas, o impedimento à sua aplicação nos casos em que seja disposta também a suspensão condicional da pena, previsto pelo art. 61-bis da lei de 24 de novembro de 1981, n.º 689, introduzido pelo art. 71, parágrafo 1, alínea i), do d.lgs. de 10 de outubro de 2022, n.º 150, não se estende aos factos cometidos antes da entrada em vigor desta última disposição, encontrando aplicação, pela natureza substancial da previsão com ela introduzida, o disposto no art. 2, parágrafo quarto, do código penal, que, em hipótese de sucessão de leis penais no tempo, prescreve a aplicação da norma mais favorável ao arguido.
As implicações da sentença n.º 33149 de 2024 são significativas para os operadores do direito e para os arguidos. Em particular, evidencia-se a possibilidade de aplicar penas substitutivas para os factos cometidos antes da entrada em vigor do d.lgs. n.º 150 de 2022, favorecendo assim uma maior elasticidade no sistema penal italiano. Esta decisão poderá também influenciar futuros processos, pois estabelece um princípio claro sobre o qual se basear.
Em conclusão, a sentença n.º 33149 de 2024 da Corte de Cassação representa um passo em frente na compreensão e aplicação das penas substitutivas no direito penal italiano. Com a sua decisão, a Corte reafirmou a importância de garantir um tratamento equitativo e justo para os arguidos, estabelecendo uma linha de demarcação clara entre as normativas anteriores e as introduzidas pelo d.lgs. n.º 150 de 2022. Os operadores do direito deverão ter em conta esta importante pronúncia na análise dos casos futuros.