A recente sentença n.º 33047 de 16 de julho de 2024 oferece uma importante reflexão sobre o tema da competência entre juízes penal e cível, especialmente em situações que envolvem a propriedade de bens apreendidos. A Corte esclareceu as consequências da inércia das partes na instauração do julgamento cível, estabelecendo que o descumprimento dos prazos estabelecidos pode levar ao restabelecimento da competência do juiz penal.
A questão central abordada pela Corte baseia-se no artigo 263, parágrafo 3.º, do Código de Processo Penal, que prevê a remessa da controvérsia sobre a propriedade das coisas apreendidas ao juiz cível. Esta passagem é crucial, pois as partes envolvidas devem agir tempestivamente para iniciar o processo cível. Se não o fizerem dentro do prazo indicado, ou, na falta deste, dentro de três meses a contar da comunicação da remessa, considera-se que não têm interesse em prosseguir com a controvérsia.
Com base no estabelecido, o juiz penal deve, ao expirar o prazo, fixar uma audiência para verificar a eventual instauração do julgamento cível. Caso as partes se mostrem inertes, a competência retorna ao juiz penal, que deverá tomar as providências pertinentes.
Controvérsia sobre a propriedade das coisas apreendidas - Providência de remessa ao juiz cível - Prazo para as partes instaurarem a controvérsia perante este - Indicação - Inércia das partes - Consequências. Quando o juiz penal remete ao cível, ex art. 263, parágrafo 3.º, do Código de Processo Penal, a resolução da controvérsia sobre a propriedade das coisas apreendidas, a inércia das partes na instauração do julgamento cível dentro do prazo indicado na providência, ou, na falta deste, dentro do prazo de três meses a contar da sua comunicação - lapso temporal a ser considerado, segundo o modelo processual dedutível do art. 50, parágrafo 1.º, do Código de Processo Civil, sintomático da ausência de interesse das partes em cultivar a controvérsia - determina o restabelecimento da competência do juiz penal. (Na motivação, a Corte acrescentou que, ao expirar o prazo, o juiz penal deve fixar audiência perante si, ex art. 127, do Código de Processo Penal, para verificar se as partes instauraram o julgamento perante o juiz cível, ou se, pelo contrário, permaneceram inertes, assumindo as decisões consequenciais).
As implicações desta sentença são notáveis. Antes de mais nada, ela sublinha a importância da tempestividade nas ações judiciais. As partes envolvidas numa controvérsia sobre a propriedade de bens apreendidos devem estar cientes de que a inércia pode levá-las a perder a possibilidade de fazer valer os seus direitos em sede cível. Além disso, a referência ao prazo de três meses, bem como a indicação de uma audiência para verificar a inércia, evidenciam o papel ativo que o juiz penal deve manter na garantia do bom andamento do processo.
Em resumo, a sentença n.º 33047 de 2024 representa um importante ponto de referência para a jurisprudência italiana, esclarecendo as dinâmicas entre os julgamentos penal e cível em caso de controvérsias sobre a propriedade de bens apreendidos. As partes envolvidas devem agir com prontidão e determinação, compreendendo que a sua inércia poderá ter consequências significativas no seu direito de defesa. Esta decisão oferece também uma oportunidade para refletir sobre a eficiência do sistema jurídico e a importância de uma colaboração ativa entre as diferentes jurisdições.