A recente sentença n.º 3729 de 22 de outubro de 2024, emitida pelo Tribunal de Apelação de Lecce, aborda um tema crucial no campo dos crimes fiscais: o crime de ocultação ou destruição de documentos contabilísticos. Em particular, o Tribunal pronunciou-se sobre a configurabilidade deste crime na presença de específicas circunstâncias probatórias, esclarecendo importantes aspetos jurídicos que merecem uma análise atenta.
A sentença em apreço declarou inadmissível o recurso apresentado pelo arguido, M. A., relativamente ao crime de ocultação de documentos contabilísticos. O Tribunal salientou que o achamento de um dos dois exemplares de uma fatura junto do terceiro destinatário pode justificar a presunção de que o outro exemplar não encontrado foi ocultado ou destruído pelo emitente. Este princípio é fundamental para a luta contra a evasão fiscal e baseia-se numa série de normas, incluindo o DPR 26/10/1972 n.º 633 e o DPR 29/09/1973 n.º 600.
Crimes fiscais - Crime de ocultação ou destruição de documentos contabilísticos - Achamento junto do terceiro destinatário do ato de um dos dois exemplares em que deve ser preenchida a fatura - Não achamento do outro exemplar junto do emitente - Prova da ocultação ou destruição de faturas - Suficiência - Razões. Para efeitos da configurabilidade do crime de ocultação ou destruição de documentos contabilísticos, o achamento junto do terceiro destinatário do ato de um dos dois exemplares em que deve ser preenchida a fatura, documento de que é obrigatória a conservação para fins fiscais, pode levar a considerar que o não achamento do outro exemplar junto do emitente é consequência da sua destruição ou ocultação.
A sentença n.º 3729 de 2024 representa um importante marco na jurisprudência italiana relativa aos crimes fiscais. Sublinha que a prova do não achamento de um exemplar de fatura pode ser suficiente para configurar o crime de ocultação, oferecendo uma maior proteção à administração fiscal. Em suma, o Tribunal reiterou que o ónus da prova pode recair sobre o arguido, que deve demonstrar a sua não participação nos factos contestados.
Em conclusão, a sentença n.º 3729 de 2024 oferece importantes reflexões para os profissionais do direito e para os contribuintes. Evidencia a importância da correta conservação da documentação contabilística e as consequências legais que podem advir da sua ocultação ou destruição. O Tribunal de Apelação de Lecce, com esta decisão, esclareceu que a luta contra a evasão fiscal passa também por uma rigorosa interpretação das normas relativas aos documentos contabilísticos, exigindo uma maior atenção por parte de todos os operadores económicos.