A recente Ordem n.º 23177 de 27 de agosto de 2024, emitida pela Corte de Cassação, oferece importantes esclarecimentos sobre a notificação dos atos de recurso. Este provimento distingue-se pela interpretação favorável da referência pessoal em detrimento da referência topográfica, um aspeto crucial no contexto dos recursos cíveis. Em particular, a Corte estabeleceu que a notificação efetuada no domicílio indicado pelos advogados domiciliários é válida, mesmo que não corresponda ao local especificado pelo advogado constituído.
Notificação do ato de recurso - Entrega em local diferente do indicado pelo procurador domiciliário - Prevalência da referência pessoal sobre a topográfica - Validade - Fundamento. A notificação do ato de recurso efetuada aos advogados domiciliários nos locais de domicílio por eles indicados às respetivas ordens de pertença, em vez do local indicado em sede de eleição de domicílio pelo advogado constituído, é válida, devendo privilegiar-se a referência pessoal em detrimento da topográfica, uma vez que, para efeitos de notificação do recurso nos termos do art. 330.º do Código de Processo Civil, a eleição de domicílio junto do escritório do procurador assume a mera função de indicar a sede deste e é desprovida de uma sua autonomia relevante.
A decisão da Corte baseia-se no artigo 330.º do Código de Processo Civil, que regula as modalidades de notificação dos atos de recurso. Neste contexto, a Corte sublinhou a importância de privilegiar a referência pessoal, assegurando assim o direito à defesa e a certeza dos procedimentos. Esta abordagem está em linha com os princípios gerais de justiça e transparência, fundamentais no direito processual.
Em conclusão, a Ordem n.º 23177 de 2024 representa um importante passo em frente na disciplina das notificações em âmbito cível. A Corte de Cassação, com a sua decisão, evidenciou a necessidade de garantir a eficácia das comunicações legais, evitando interpretações restritivas que poderiam comprometer o direito de defesa. Esta abordagem não só clarifica as modalidades de notificação, mas também confirma a importância do princípio da personalidade, fundamental para o correto funcionamento do sistema judicial italiano.